Arrancaram, no dia 5 de maio, as Talks Club sobre Economia Digital, organizadas pela IDC e pela ACEPI, com o apoio do Comércio Digital. Na primeira parte da sessão, subordinada ao tema Tendências do Comércio Digital: o que esperar em 2021, estiveram presentes no painel de debate Joana Santos, Industry Head Retail & Travel na Google e Pedro Santos, diretor de e-commerce na Sonae MC.
Partindo de dois eixos do Estudo da Economia Digital 2020: "Acelerar o Comércio Digital – novas estratégias e novos canais" e "Alargar o Comércio Digital – novos setores e novos consumidores", Joana Santos garantiu que Portugal foi o país que mais cresceu em receita de e-commerce em período pandémico, "apesar das perdas a nível global em 2020, se não fosse o comércio online os resultados teriam sido muito piores", acrescentando também que "os volumes de pesquisa no digital aumentaram exponencialmente", revelou.
Ambos os especialistas, discutindo as tendências, concordaram que o ecommerce é algo sticky (em inglês, viciante, no sentido figurativo), na medida em que "o digital é um hábito que fica com as pessoas", afirmaram.
Os oradores defenderam igualmente que os negócios que tiveram capacidade de se adaptar e de responder a estas novas necessidades dos clientes, em tempos pandémicos, são aqueles que vão ter sucesso, uma vez que "as pessoas vão continuar a comprar online".
A representante da Google explicou ainda que "o consumidor é agnóstico ao canal e temos de lhe dar a melhor experiência de compra possível, porque este elevou o seu nível de exigência em relação a esta questão", declarou.
Segundo Joana Santos, os nossos comportamentos de compra estão a mudar, até porque e dando como exemplo o nosso lar, "a forma como cada um de nós vive a sua casa alterou-se", assegurou, e, devido ao contexto "transformamo-nos bastante durante este ano e não temos noção do quanto, pois todos nós reposicionamos os nossos valores", explanou.
De acordo com os dados da Google, ao longo do ano transato, os internautas forcaram-se em marcas que se envolveram em causas sociais e isso refletiu-se nas pesquisas. 2020 foi, de resto, um ano de grande alavancagem do ecommerce, mas a formadora diz que "é inegável o crescimento do e-commerce, porém o retalho físico vai ter sempre uma relevância muito grande", contou.
Para a ex-jornalista, a COVID-19 veio trazer aos negócios necessidade de adaptação, equipas e recursos mais preparados para reagir e a importância da análise de dados como base sólida para a tomada de decisões.
Outro grande fator relevante que a diretora da Google encontrou em 2020 foi a relação direta das marcas com o consumidor, cujas vão partilhando os seus pontos de vista com este último, dado que "as jornadas de compra começam cada vez mais no digital e as redes sociais são um exemplo muito concreto disso". Ora, Joana Santos conclui que as marcas e os negócios, para chegar a bom-porto, devem "aumentar a forma como se relacionam com os seus clientes" e "estar com o cliente em todos os momentos de verdade, a chamada ultra conveniência", afiançou.
Já para Pedro Santos, é vital "dar tempo aos clientes para viverem e fazerem o que realmente gostam, nos tempos livres, nomeadamente estar em família", trazendo inteligência para o negócio, como a questão dos folhetos personalizados e boas propostas de valor, que fazem a diferença, como acelerar e simplificar o processo de compra para o cliente.
A experiência do Continente e Continente Online, durante a pandemia, mostraram que "as jornadas do cliente são mais complexas, mas também mais completas", expôs.
Na opinião do gestor, no mercado português em geral, "havia uma falta de pressão do consumidor e da concorrência que agora existiu com a situação pandémica", reiterando também que "o ano de 2020 tornou-nos a todos, consumidores e negócios, mais preparados e exigentes".
Na perspetiva destes experts, "a confiança nas marcas é o maior ativo que demora a construir e a conquistar" e todos os negócios e empreendedores se devem focar nesse ponto.