A presença das PME portuguesas na internet e a oferta online vão crescer, com uma maior adaptação do comércio tradicional ao digital, bem com uma maior adesão aos pagamentos eletrónicos.
Antes da crise pandémica, Portugal, em comparação com a Europa, apresentava bons resultados em conectividade e na oferta dos serviços públicos digitais. O défice estava na digitalização nas PME já que "60% das empresas portuguesas, sobretudo micro e pequenas empresas, não tinham qualquer presença na internet", afirmou Alexandre Nilo da Fonseca, em entrevista ao jornal Negócios.
Portugal tinha também algum défice na digitalização dos consumidores, com 20% de portugueses que nunca utilizaram a internet. No entanto, como sublinha Alexandre Nilo da Fonseca, nos últimos tempos assistia-se a um crescimento no nível e utilização da internet, referindo que no "ano passado mais de 3 milhões de portugueses fizeram compras online, em que gastaram cinco mil milhões de euros".
Contudo, as compras dos portugueses eram feitas "em sites na China, Reino Unido, em Espanha, ao contrário dos consumidores de França, Alemanha ou Reino Unido, que adquirem tendencialmente no seu próprio país". O que fazia com que a oferta de comércio eletrónico em Portugal fosse fraca, até porque tinha pouca adesão das PME.
Experiência nacional
"Com a pandemia, em que as pessoas foram confinadas e houve uma certa disrupção da cadeia internacional de entregas, em que foi virtualmente impossível receber coisas do estrangeiro, é que os portugueses descobriram os sites nacionais", diz Alexandre Nilo da Fonseca. Além disso, "focaram-se em categorias importantes para o dia a dia, como a alimentação, que era uma categoria em que os portugueses não estavam muito interessados, enquanto já era uma realidade noutros países".
Após o isolamento social imposto pela Covid-19 "haverá mais portugueses com mais experiência digital, mais habituados a comprar em sites em Portugal, mais habituados a fazer pagamentos eletrónicos, e com uma alteração no comportamento das categorias. As mais compradas, que eram as viagens, a hotelaria e o vestuário, caíram, e o alimentar cresceu muito, não só na grande distribuição mas também nas mercearias e pequenas lojas".
Microdigitais
Os processos de transformação digital eram muito mais acentuados nas grandes e em muitas médias empresas. Nas microempresas, que representam 95% do tecido empresarial, é que tem havido um distanciamento digital. "Um dos desafios que temos é fazer uma aceleração e uma capacitação aceleradas de muitos destes pequenos empresários."
Na ACEPI estão-se a dar passos importantes nesta frente. Através do website do Comércio Digital é possível a qualquer empresa de comércio e de serviços obter um Voucher 3em1, com um domínio .pt, contas de e-mail e uma ferramenta para criar um site, gratuitamente durante um ano, e aceder a uma Academia Digital, com videoaulas que ensinam a usar diferentes ferramentas digitais: como criar um website, gerir redes sociais, fazer anúncios na internet e vender online, entre outros temas.
Em 2020, a ACEPI oferece também gratuitamente a certificação de sites com o Selo CONFIO, que "é muito importante porque há muitos consumidores a iniciarem-se no comércio eletrónico e que precisam de confiança e de saber que as empresas que estão online existem".